Atividades do Programa Verdear reúnem cerca de 500 alunos de Cravinhos

Atividades do Programa Verdear reúnem cerca de 500 alunos de Cravinhos

O Programa Verdear, que tem como maior destaque a implantação de atividades educativas de preservação e conscientização sobre o patrimônio cultural e ambiental junto aos adolescentes por meio de visitas ao Museu da Cana, localizado em Pontal (SP), realizou, durante o primeiro semestre de 2022 trabalhos com alunos dos 7º, 8º e 9º anos da escola municipal João Nogueira, de Cravinhos (SP).

Por abordar a preservação e a conservação de bens naturais e não naturais de forma simples, lúdica e prática, o programa serve como modelo a ser replicado no próximo ano. Para isso, os educadores, gestores e a equipe técnica trabalham de forma constante e integrada para gerar e aprimorar conteúdos conforme o público-alvo

Outro ponto que chama atenção é a sintonia do programa com a Década da Restauração de Ecossistemas da ONU, uma iniciativa global que tem como objetivo proteger e restaurar ecossistemas em todo o mundo, como forma de garantir o bem estar das pessoas, combater as mudanças climáticas e coibir a perda da biodiversidade.

“A restauração ecológica é uma das bases do Programa Verdear, que além desses propósitos globais, une a educação como uma importante ferramenta de conscientização e aproximação com a natureza”, explica Aloysio Teixeira, doutor em Ciências Biológicas, e coordenador técnico do Programa Verdear que realizou o Diagnóstico Ambiental da Fazenda Engenho Central.

Ele ressalta que um dos focos do Programa Verdear é a restauração ecológica de uma floresta presente na área da Fazenda Engenho Central, que abriga o Museu da Cana. Essa área, embora protegida por lei como Área de Preservação Permanente (APP), sofreu inúmeras interferências no passado, como corte da vegetação, criação de drenos e barramentos da água natural, e plantio de eucaliptos. Como se trata de uma área não apta para a agropecuária devido ao encharcamento do solo, a área foi abandonada e a vegetação começou a se regenerar.

“Todavia, como se trata de um ambiente muito frágil e isolado de outros fragmentos de vegetação, a resiliência é muito baixa. Por isso a necessidade de intervenção, que tem como propósito auxiliar no processo de reestabelecimento de uma floresta sadia, com capacidade de manter suas espécies vegetais e animais ao longo dos anos, assim como todas as complexas relações ecológicas entre esses organismos, e deles com o ambiente”, diz Teixeira.

Vale salientar que a região de Ribeirão Preto situa-se numa zona de transição entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, considerados mundialmente prioritários para a conservação, uma vez que abrigam uma enorme biodiversidade e muitas espécies endêmicas (que não ocorrem em outros biomas). “A drástica redução dessas áreas naturais e sua intensa fragmentação colocam em risco a sobrevivência de muitas espécies, tornando-as ameaçadas de extinção”, completa Teixeira.

Esses fragmentos de vegetação natural são como pequenas ilhas cercadas por uma paisagem agrícola, o que dificulta o deslocamento dos animais. Essas ilhas ficam expostas a queimadas, à entrada de pessoas, aos ventos, a maior incidência de luz e ao aumento da temperatura, condições que causam mudanças na composição das espécies e na estrutura das florestas. O local também abriga inúmeras nascentes em um trecho bastante brejoso, onde o lençol freático aflora o ano todo. Para mudar esse cenário e assim abrigar e garantir a sobrevivência das espécies da flora e da fauna, é necessário ampliar, conectar e isolar esses fragmentos, focos de restauração ecológica do Programa Verdear.

 

Programa Verdear em números

De abril a junho deste ano, os alunos de Cravinhos participaram de 13 dias de Campo Verdear, oportunidade em que tomaram contato com diversos conteúdos relacionados ao meio ambiente de nossa região, tendo a arte como meio para o processo pedagógico.

Entre as atividades realizadas estão a caminhada em estrada limítrofe entre canavial e área de restauração florestal com explanação teórica e demonstração do processo de restauração, coleta de matéria orgânica e montagem de um objeto artístico, observação de árvores, folhas, forma e cores, visita guiada ao Museu da Cana, incluindo a usina e oficina; atividade artística musical; observação do ambiente com ênfase no contraste cultural/natural e reprodução com giz e carvão, e exposição dialogada dos pôsteres.

Ao todo, 500 alunos acompanhados de seus professores participaram do Programa Verdear durante 8 horas de atividades, conduzidas por uma equipe de dez profissionais entre arte-educadores e produtores.

De acordo com a diretora do Museu da Cana, Leila Heck, a excelência técnica somada à sabedoria dos moradores locais são a grande potência do Programa Verdear.

“Aliar o saber popular com o conhecimento técnico é de uma riqueza singular. Estamos muito animados com os resultados dos trabalhos e temos certeza que ele já se tornou referência em Educação Ambiental”, explica.

 

Sobre o Programa Verdear - O projeto tem como principal objetivo conservar o patrimônio natural da região em torno do Museu da Cana para projetos de pesquisa e de educação ambiental destinados inicialmente às comunidades do entorno e, a médio prazo, em outros municípios do nordeste paulista. A fase inicial do Programa teve início em 2020 e levantou o Diagnóstico Ambiental da fazenda, envolvendo todas as informações técnicas relativas aos meios físicos e vegetação. O estudo foi coordenado pelo doutor em Ciências Biológicas Aloysio Teixeira. A partir deste rico diagnóstico, o projeto iniciou a fase de elaboração do Plano de Manejo, iniciando o plantio da primeira fase em dezembro de 2020. O diagnóstico confirmou a existência de seis nascentes nos 24 hectares da Área de Preservação Permanente (APP) da fazenda. Todas elas formam riachos que no seu curso vão desaguar no rio Mogi.

O Plano de Manejo da área foi elaborado pela equipe técnica do projeto e busca a capacitação de moradores da zona rural do entorno do Museu para trabalhar no programa, preparando-os para o restauro de matas nativas, tendo como diferencial buscar a sinergia entre o saber científico e o saber popular no ambiente rural, objeto de pesquisa e preservação do Museu da Cana.

O diagnóstico técnico orienta todo o esforço de educação ambiental que está sendo realizado pelo Museu da Cana em 2022, embasando as atividades de arte-educação que são realizadas na visita ao Museu, que tem como público alunos do 2º ciclo do ensino fundamental, sendo ainda um pilar, para os docentes envolvidos no projeto, de um Plano de Atividades a ser realizado em sala de aula como forma de complementação da experiência da visita ao Museu da Cana.